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Ups...passaram 6 anos desde que emigrei!


É verdade, já lá vão 6 anos por Inglaterra. Sinto que estes anos passaram num estalar de dedos. Quando aqui cheguei dizia que era uma experiência de um ano, porém a cada ano que passava tinha sempre de adiar o regresso a Portugal para o ano seguinte. Até que parei de viver presa a esse planear, ao contar dos anos que aqui estava ou planeava estar e passei a usufruir da bênção de viver fora e experienciar o que a vida tinha e tem reservado para mim. Não foi fácil, mesmo nada fácil e muitas vezes ainda não o é. Contudo, com o passar do tempo ganho a consciência que contar os anos e planear o regresso só me traz frustração pela expectativa que crio em voltar e que nunca acaba por acontecer. Regressar ao meu país de coração é um sonho, mas já entendi que não é para já, que ainda há que aprender aqui antes de voltar e que neste momento estou exatamente onde tenho de estar. E está tudo certo! Tudo isto são aprendizagens que fazem parte do meu plano evolutivo e me ajudam cada vez mais a viver de acordo com aquilo que sou.


Este é um país que me obriga constantemente a viver na escuridão, introspeção e solitude, o que é demasiado exigente para mim. Sempre gostei de convívio, saídas, dias de muita luz e sol. Tudo aquilo que aqui em Inglaterra é limitado. Por muitos anos senti culpa pelos momentos de família em que não estive presente, por ver envelhecer aqueles que amo e não participar nesse processo como gostaria, pelos dias de sol, calor e verão que perdi, por todas as saídas à noite ou cafés com amigos em que não estava presente, por relações à distância que não resultaram, por viver uma vida exigente e cheia de responsabilidades que me obrigou a amadurecer rapidamente e que parecia não se encaixar com a vida “normal” da maioria dos jovens da minha idade. Tudo isto foi o resultado da minha escolha, Repito, A MINHA ESCOLHA. A escolha que eu conscientemente tomei e na qual sou responsável por ambicionar um futuro melhor para a minha carreira profissional. Questionava-me muitas vezes: o que estou eu aqui a fazer num país em que vivo de um modo tão adulto? Porque já não me divirto tanto? Porque já não me sinto mais leve, sorridente e feliz com a simplicidade de viver? Que vida é esta de sentir solidão ? Porque vivo na rotina casa-trabalho e trabalho-casa?


Hoje, passados 6 anos, sou capaz de ver tudo isto com um olhar diferente. Agradeço tudo aquilo que vivi e que me trouxe até aqui e fez de mim a pessoa que sou hoje. Este foi um caminho, um caminho de mergulhar profundamente em mim mesma, de morrer e renascer, de me auto-conhecer. Como forma de viver de um modo mais harmonioso e de bem-estar comigo mesma pela escolha de emigrar, eu tive de aceitar que era a única responsável pela minha vida e por tudo aquilo que estava a viver e que não era por acaso que tinha vindo para aqui. Então, tive de encontrar motivação na vida que vivia. Tudo começou pela mudança no modo de pensar e agir. Ao contrário de me focar no problema, foquei-me nas soluções e nos ganhos que esta experiência me poderia trazer. Agradeço por isso, pois afinal de contas esta foi uma oportunidade gratificante de me expandir a todos em todas as áreas da minha vida.


Agora sou capaz de ver as exigências de uma vida de responsabilidades como um ato corajoso de crescimento e amadurecimento que me tem dado a estrutura e independência para viver a minha individualidade. Aprendi a estar em solitude e a fazer coisas por mim e que me fazem feliz. Desta forma a solidão já me visita menos vezes, e quando ela teima em voltar, eu choro a dor de a sentir. Pois eu sei que não tenho de me julgar ou culpar quando me sinto assim. É apenas o meu corpo a comunicar comigo e a dizer-me que não estou a passar tempo suficiente comigo ou que tenho adiado demais estar com aqueles que amo. Aprendi que não existem saídas à noite ou cafés perdidos, mas mais tempo para estar comigo mesma e viver uma vida simples que mais se identifica comigo. Aprendi a não ignorar os meus problemas e a deixar de procurar a diversão social como fuga para eles. Aprendi que para sorrir e me sentir bem não é preciso ter um dia de sol e um verão, mas que esse sol também reside dentro de mim e que me permite viver em gratidão independentemente do meio exterior.

Olho para trás e digo que valeu a pena: cada lágrima que chorei; o acreditar que haveria algo melhor reservado para mim e que seria possível viver a vida que desejava; o desapego daqueles que amo para viver o meu caminho; todas as perdas que me ensinaram a viver em aceitação e a amar-me cada vez mais; cada falha que permitiu ver o poder que tenho em mim e que tudo é alcançável quando vivo em entrega e confio que tudo acontece no momento certo.


Não sei o dia de amanhã e tão pouco me devo preocupar com isso. Este é o momento presente e este é o lugar em que tenho de estar. E eu sei que quando for a hora de regressar, eu simplesmente o sentirei.


Permite-te Ser!


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