A ilusão do corpo perfeito
- Vânia Rodrigues
- 6 de set. de 2020
- 3 min de leitura

A ilusão de ter o corpo ideal... a aparência física... a exigência com o corpo... a comparação com outras mulheres... as inseguranças... são fantasmas que confrontam a maioria das mulheres.
Como já partilhei contigo há algum tempo atrás, eu fui `gordinha` , ou seja, eu vivi a minha infância e adolescência com excesso de peso.
Ao olhar da Direção Geral de Saúde , a obesidade é um problema de saúde que afecta cerca de 40% da população adulta e 31,5 % das crianças entre os 9-16 anos, em Portugal.
Como deves imaginar crescer com excesso de peso ou obesidade é sentir vergonha do corpo que se tem, é viver com inseguranças e até mesmo, ser rebaixada, humilhada , maltratada, comparada e julgada pela sociedade.
E posso-te dizer que não agradável. E tu que estás a ler desse lado bem deves saber daquilo que falo.
Vivi a adolescência a sorrir, a ser forte e a esconder-me e a reduzir-me a mim mesma. E a minha autoestima foi-se assim anulando cada vez mais.
Tu enquanto mulher, bem sabes o quão destrutivo para a nossa estrutura isto é. Isto abala mesmo connosco.
Entretanto cresci e naturalmente o meu corpo se transformou.
E desde então que o meu corpo começou a ser válido pela sociedade, afinal eu tornei-me normal. Não fui mais maltratada verbalmente é certo. Contudo, as memórias ficam, as crenças que vivi ficaram enraizadas e a minha autoestima continua a ser uma construção diária.
Crescemos a consumir o marketing enganoso e padrões de beleza idealizados pela sociedade.
E agora eu peço que pares e reflitas sobre isto:
O que é ter um corpo normal?
Será que é a sociedade que dita o corpo ideal para nós?
Não, não me parece nada disto. Parece-me é que a sociedade precisa de expandir a sua consciência e parar de julgar, comparar e rebaixar.
Ninguém sabe a história por detrás de cada corpo. As memórias que aquele corpo carrega.
Por isso, RESPEITEM-SE e RESPEITEM.
Julgar, comparar e rebaixar não é apenas uma ato de desrespeito pelo outro mas também por ti mesma.
Viver de aparência e comparação é uma mera ilusão.
Uma ilusão que anula a tua verdadeira essência, aquela que realmente és. Impede-te de viver da forma que gostarias. Limita-te. Torna-te impotente e frustrada. Impede-te de sentir alegria de viver e motivação nos teus dias. Traz-te cada vez mais inseguranças.
A relação com o nosso corpo é uma relação que se constrói, tal e qual a uma relação amorosa com alguém. E por isso mesmo, requer amor, aceitação, dedicação, paciência, compromisso e compaixão.
Aceita o que já foste, o que és e deste modo abre-te ao caminho do que hás de ser.
O teu corpo é um templo sagrado, o veículo que transporta a tua alma e por isso mesmo é tão único e especial.
Se te sentes bem nele, não percas tempo com comparações ou a ouvir comentários alheios.
Se não te sentes bem, aceita-o. Enfrenta as tuas inseguranças!
E sempre que sentires que não és capaz de enfrentar os fantasmas da relação com o teu corpo sozinha, pede ajuda a um profissional.
O teu corpo é tão teu e só tu o conheces melhor que ninguém.
Honra-o. Honra a tua história e as memórias que nele carregas.
Respeita-te. Ama-te. Cuida-te. E agradece por tudo o que ele te permite viver.
Qual é o teu maior fantasma na relação com o teu corpo?
Permite-te Ser!
Comments